Gastroenterologia

Esteatose Hepática: O Que É, Causas, Diagnóstico e Tratamento

por 21 de maio de 2025 Sem comentários

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Você sabia que até 30% da população mundial pode ter gordura no fígado e nem sequer saber disso? A esteatose hepática, também chamada de doença hepática gordurosa, é uma condição silenciosa, mas que pode evoluir para problemas sérios, como cirrose e câncer hepático. Neste artigo, você vai entender melhor essa condição: o que é, por que acontece, como diagnosticar e tratar de forma eficaz.

O Que É Esteatose Hepática?
A esteatose hepática ocorre quando há acúmulo excessivo de gordura dentro das células do fígado, representando mais de 5% do peso do órgão. Esse acúmulo pode ter causas diversas, como o excesso de álcool ou fatores metabólicos. Por isso, dividimos a condição em dois grandes grupos:

NAFLD (Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica): relacionada a obesidade, diabetes, sedentarismo e alimentação inadequada.

AFLD (Doença Hepática Gordurosa Alcoólica): causada principalmente pelo consumo excessivo de álcool.

Embora muitas vezes seja considerada benigna, a esteatose pode evoluir para esteato-hepatite (NASH), fibrose, cirrose e até carcinoma hepatocelular, especialmente se não for tratada.

Mecanismos Patofisiológicos: O Que Acontece no Fígado?
A principal alteração por trás da esteatose hepática é a resistência à insulina, que leva ao aumento da síntese e acúmulo de gordura no fígado. Esse ambiente propicia o estresse oxidativo, desencadeando inflamação crônica, morte celular (apoptose) e, em fases mais avançadas, fibrose hepática.

Ao longo do tempo, esse processo pode evoluir de uma simples infiltração gordurosa para um quadro mais grave, com inflamação (NASH), fibrose, e até cirrose.

Causas e Fatores de Risco
Diversos fatores contribuem para o surgimento da esteatose hepática. Os principais incluem:

Obesidade

Síndrome metabólica

Diabetes tipo 2

Dislipidemia (colesterol e triglicerídeos altos)

Consumo excessivo de álcool

Uso de certos medicamentos (como corticoides, amiodarona, tamoxifeno)

Dieta rica em carboidratos simples, gorduras saturadas e alimentos ultraprocessados

Sedentarismo

Pessoas com múltiplos fatores de risco precisam ficar ainda mais atentas, especialmente se houver histórico familiar de doenças hepáticas.

Diagnóstico: Como Saber se Tenho Esteatose Hepática?
A esteatose hepática geralmente não causa sintomas nas fases iniciais. Por isso, o diagnóstico costuma acontecer de forma incidental, em exames de imagem ou laboratoriais de rotina.

Principais métodos diagnósticos:
Ultrassonografia abdominal: método mais acessível e usado na prática clínica.

Elastografia hepática (FibroScan®): avalia rigidez do fígado e grau de fibrose.

Ressonância magnética com espectroscopia: mais precisa, mas com custo elevado.

Biópsia hepática: indicada em casos selecionados, para confirmar diagnóstico e avaliar gravidade.

Exames laboratoriais:
Elevações discretas de TGO, TGP e GGT podem ocorrer.

Ferritina e glicemia de jejum também devem ser avaliadas.

Cálculo de índices como o HOMA-IR pode indicar resistência insulínica.

Complicações Possíveis
A gordura no fígado pode evoluir de forma silenciosa por anos. No entanto, quando não tratada, pode levar a complicações graves:

Esteato-hepatite (NASH): inflamação associada à gordura no fígado.

Fibrose hepática: substituição de tecido hepático normal por cicatrizes.

Cirrose hepática: perda progressiva da função do fígado.

Carcinoma hepatocelular: câncer primário do fígado.

Doença cardiovascular: pacientes com esteatose têm risco aumentado de infarto e AVC.

Tratamento e Prevenção
O tratamento da esteatose hepática foca principalmente na mudança do estilo de vida. Ainda não existe uma medicação aprovada exclusivamente para tratar a esteatose, mas alguns medicamentos são utilizados em casos específicos.

Mudanças no estilo de vida:
Perda de peso: redução de 7 a 10% do peso corporal pode reverter alterações hepáticas.

Atividade física regular: pelo menos 150 minutos por semana de exercícios aeróbicos.

Dieta balanceada: rica em fibras, vegetais, proteínas magras e gorduras boas (azeite de oliva, oleaginosas). Evitar alimentos ultraprocessados, açúcar e álcool.

Controle do diabetes, colesterol e hipertensão.

Medicamentos em estudo:
Pioglitazona e vitamina E em casos de NASH confirmada.

Agonistas de GLP-1 (como a semaglutida), com bons resultados na perda de peso e melhora da esteatose.

Outras drogas estão em fases avançadas de pesquisa, mas ainda não aprovadas oficialmente.

Conclusão
A esteatose hepática é uma condição comum, silenciosa, mas que merece atenção. Felizmente, com o diagnóstico precoce e mudanças adequadas no estilo de vida, é possível reverter a esteatose e evitar complicações graves.

Se você tem fatores de risco, procure um médico hepatologista ou gastroenterologista para avaliação. Seu fígado agradece!

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